Quando a Fê me convidou para escrever no seu blog, eu fiquei na dúvida sobre qual seria meu estilo, sobre o quê eu iria me dedicar a falar sobre e qual seria o perfil das minhas postagens… Pensei, pensei e resolvi escrever como eu mesma sou: uma viajante. E essa característica não tem a ver apenas com o fato de que eu adoro pegar um avião, ônibus, carro, barco e sair por esse mundo afora… Tem a ver com quem eu sou por dentro: uma eterna viajante. Minha mente está sempre voando longe, tenho a sensação de não pertencer (de verdade) a lugar nenhum e fico aflita quando me sinto “segura demais”. Minha alma é cigana, nômade e pra mim, a vida perfeita deveria caber numa mala.
Faz um ano e meio que eu voltei de um ano sabático que virou dois, quase três e, até agora, não me acostumei a ter uma “vida normal” de novo. Tenho tido a sensação de que o normal era quando eu não tinha tanta certeza de nada, quando cada dia era diferente e eu não sabia se ia morar na mesma casa por mais de seis meses. Eu sei, eu sei: ninguém tem certeza de nada nunca, amanhã posso tropeçar na rua e morrer e blá, blá, blá… Mas eu me refiro a essa sensação estranha do Domingo à noite, porque sei que segunda tenho que ir para o escritório, sabe? Essa “certeza” de que terei que cumprir a mesma rotina todos os dias, pagar as mesmas contas, participar das mesmas reuniões, tirar apenas um mês de férias por ano, tentar comprar um apartamento, trabalhar anos e anos na mesma área, viver a mesma vida todos os dias. Essa é a sensação estranha que causa aquela melancolia no Domingo à noite…
Me causa estranhamento ter uma casa completinha, com tudo que todo mundo quer ter dentro, me causa até uma certa tristeza ter um sofá, sabe?
Talvez eu apenas ainda não tenha encontrado meu lugar no mundo, talvez… Mas, enquanto houver caminho pra andar, andarei.
Vou compartilhar um pouquinho dessas andanças com vocês, espero que gostem, pois toda viagem compartilhada é mais prazerosa, mesmo que seja pra dentro de si mesmo.