Depois dos 30…

Uma das minhas fases mais conflituosas foi a transição dos 20 para os 30 anos.

Eu sempre quis ser mais velha pra poder trabalhar com meu pai, depois pra poder entrar nas festinhas. Ficava aborrecida de que nunca alcançava a idade e permissões que o meu irmão tinha. Me chateava quando eu falava que tinha 23 e alguém respondia que eu tinha cara de criança menor de idade.

Queria ser madura, respeitada, passar um ar de experiente e sabida das coisas. Por isso comemorei muito a chegada do 3.0. Mas as coisas realmente mudaram e eu não achei tão bom, não.

Meu corpo começou a mostrar que não funcionava no mesmo ritmo. Nada drástico, mas… mudou. Antes eu não me preocupava com a alimentação. Depois dos 30, se eu passar uma semana comendo alface e tomate,  ou eu engordo 500g, ou eu pego uma diarreia. Bem isso…

Nunca fui neurótica com o corpo e nem adepta a atividades físicas, mas precisei ficar mais cuidadosa. Como diz uma amiga minha: falta nascer rabo.  Agora tenho que pintar o cabelo todo mês, não posso nem pensar em dormir maquiada pra não amanhecer um maracujá, tenho que brigar com o sono pra poder cumprir a rotina de cuidados faciais noturna.

Aparecem também os questionamentos emocionais, sem contar as pressões sociais, que querem nos lembrar que a gente tem que se encaixar em expectativas e padrões:  Não vai ter filhos? (ou algo menos doce, como perguntarem se vou ser mãe de cachorro pra vida toda) Vai morar de aluguel até quando? Nunca viajou pra exterior? Não fez intercâmbio? Não fala inglês? Não fez pós?

Mas tem uma coisa muito interessante em tudo isso. É um momento que a gente aprende a se reinventar e se posicionar. E foi assim comigo.

Comecei a questionar minha forma de vestir.

Os vestidinhos de bolinhas, as tiaras fofoletes, o estilo menininha retrô do filme Amelie Poulain. Antes, pra eu ficar feliz mesmo, eu usava pelo menos 2 estampas no mesmo look. E sempre consegui fazer isso sem ficar cafona! Mas percebi que precisava deixar algumas referências para trás, não faziam parte mais da minha realidade.  Eis que surge o dilema:

Como mudar sem perder a essência e a identidade?

Confesso que é um desafio que envolve desapego, confiança, autoconhecimento, e que me fez amadurecer muito!

Fiz um balanço geral, uma lista de características, coisas que eu gosto, que são importantes pra mim. Perguntei pros amigos o que acreditam ser minha marca registrada, o que me define. Fiz um inventário da minha personalidade. Risquei as coisas que não preciso levar, como extravagante, falante, dona da verdade.  E deixei o que faço questão de manter, como criativa, inspiradora, alegre. E acrescentei outras, sofisticada, confiável, elegante.Traduzi tudo isso pro visual. Um verdadeiro coaching de guarda-roupa.

Parece besteira, mas mudar a maneira como você se apresenta é uma baita confirmação do que você acredita e de quem você é. Uma forma poderosa de dizer ao mundo: “Olha, eu cresci, mudei, mas estou bem!” e de quebra: “Oh, e obrigada pelos conselhos, mas como você pode ver, não preciso de opinião porque eu sei quem eu sou e o que quero pra minha vida.” Tudo isso sem abrir a boca!

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Sei que o meu artigo já está quase virando livro…  Se você leu até aqui, ótimo! Porque agora eu vou te falar o que fiz na prática:

  • Substituí as estampas por cores interessantes e que combinam comigo (não eliminei completamente as estampas, só criei novas possibilidades)
  • Mais uma vez, no lugar de estampas, passei a fazer uso de jogo de texturas pra trazer relevância pro look, como misturar um tecido leve com transparência com outro pesado.  Exemplos de texturas: chiffon, tricot, renda, cetim, couro, etc…
  • Passei a optar por formas mais estruturadas, blazer, vestido de alfaitaria, que dão uma cara mais arrumada
  • Corte de cabelo criativo e original
  • Aprendi a me maquiar adequadamente. Nem sair por aí de cara lavada com olheiras pulando, nem a barbie drag em plena luz do dia.
  • Acrescentei uma terceira peça pra sofisticar o visual, que pode ser um cardigã, um blazer, casaco
  • Passei a priorizar mais qualidade, caimento e durabilidade, do que modinha descartável
  • Acessórios criativos, sim, mas de qualidade (xô brinco gigante colorido do camelô, que detona a orelha)

Com esses ajustes eu construí um novo eu, mas mantive a minha essência. E não tem preço poder reafirmar quem eu sou, o que é importante pra mim e dizer isso ao mundo a todo momento.

Daqui 15 dias faço 36 anos.  Apesar de trabalhar há 16 anos com moda,  foi há 6 que eu decidi ajudar mulheres a amarem-se mais e passei a ensiná-las, através dos códigos visuais e da consultoria de estilo, como construir um visual coerente com seus valores de vida.

Não sei como vai ser minha transição dos 30 pros 40. Tem dia que acho que já tô pronta pra mais essa, mas tem outros que eu fico desolada porque tem uma ruginha aparecendo. Mas de uma coisa eu sei:

“Não é o mais forte que sobrevive. Nem o mais inteligente. Mas aquele que se adapta às mudanças.” – Darwin

Eu vou amar, de todo coração, saber quais são as mudanças que você está vivendo e como você está  traduzindo isso pro mundo. Conta tudo lá embaixo nos comentários! <3

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